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Conselhos de uma Tola

Os devaneios, sonhos, rotinas e alucinações de uma mulher comum que de comum não tem nada. Não será esta a melhor descrição para qualquer mulher... mas que sei eu... sou só uma tola...

Conselhos de uma Tola

Os devaneios, sonhos, rotinas e alucinações de uma mulher comum que de comum não tem nada. Não será esta a melhor descrição para qualquer mulher... mas que sei eu... sou só uma tola...

30.08.13

Recordações...

As recordações batem no peito, trazidas no dorso de uma brisa, presas no olhar de uma onda, varridas pela força da vida. Procuro essas recordações, sinto o sabor de todas elas, vejo-as desfilar perante mim desafiadoras e ferozes.

Relembro, meu amor, todos os momentos que passamos juntos, todos os toques, todas as conversas, todas as histórias que construímos juntos, todos os planos que falharam e aventuras que reescrevemos, todos os momentos juntos e separados, toda uma vida entrelaçada. O tempo passa, a mente cansa, a memória começa a falhar, mas as recordações ficam presas à alma preenchendo e definindo-a.

Olhemos para trás em conjunto, lembremos os sorrisos, esqueçamos as tristezas, façamos com que o passado pareça simples e sem defeito, ponhamos de lado os momentos difíceis e agarremo-nos ao que foi bom para que, juntos, possamos encontrar o caminho. Esse caminho tão sinuoso que é a vida e que deixa tantos amores para trás, tantos corações quebrados e destroçados, tantos amigos abandonados.

Vamos ser eternamente um do outro, vamos encontrar sempre refúgio no coração um do outro, nunca nos esqueçamos de nós, vamos enfrentar a vida de mão dada e não de costas voltadas. Se lutarmos, se quisermos, se tentarmos, se nos agarrarmos ao bom e lutarmos contra o mau vamos conseguir… vamos, meu amor, vamos…

26.08.13

Hospitais, lágrimas e coisas que tais...

Há uma situação que me acontece muito. Não consigo deixar de achar extraordinário e de me admirar sempre que acontece por muito recorrente que seja. Por diversas vezes que pessoas completamente desconhecidas e sem razão aparente põem-se a contar-me a vida toda em geral e os problemas em particular. Não será de somenos importância mencionar que isto acontece sem o meu encorajamento ou reciprocidade.

Hoje deparei-me com uma situação nova. Estava sentada calmamente à espera de uma consulta no hospital quando uma senhora que lá trabalha olhou para mim e começou a debitar situações que lhe aconteceram e problemas que lhe sucederam e desatou num pranto. Eu, sem saber como reagir perante esta explosão desenfreada de emoções e lágrimas, fiz o que qualquer cidadão digno desse nome faria e tentei acalmar a senhora e mostrar empatia apesar de estar tão atónita como o senhor sentado ao meu lado que nos olhava de soslaio.

O choro foi inédito, mas o facto de ter pessoas estranhas a contarem-me os seus segredos e problemas mais íntimos não. É, até, como supramencionado bastante frequente. Pergunto-me se as pessoas neste mundo andarão tão sozinhas que necessitem de desabafar com uma completa estranha ou tão desesperadas que realmente qualquer pessoa serve para depósito momentâneo da dor. E pergunto-me ainda se estas pessoas não se arriscam a encontrar alguém menos paciente e com menos capacidade de empatia que em vez de lhes proporcionar um pouco de alívio transitório não aumentem ainda a sua desacreditação e desilusão com a vida.

Pode até parecer um pouco “nonsense” da minha parte mas, de certa forma, sinto um certo alívio quando isto acontece comigo porque sei que aquela pessoa por mim não vai ser maltratada, zombada ou descartada como se um ser sem importância se tratasse, mas preocupa-me saber que as pessoas chegam a este ponto. Ao ponto de não se preocuparem com quem estão a falar, ao ponto da dor, desilusão ou mágoa que sentem serem tão fortes que têm que sair ou ao ponto de não terem um amigo, familiar ou vizinho que se predisponha a ouvir o que eles têm para dizer.

A sociedade parece-me um espelho turvo da falta de humanidade que reside nas pessoas, andamos todos tão absortos em nós mesmos que não levantamos a cabeça para ver o que se passa à volta e se virmos alguém aflito a nossa primeira reação é fugir a “sete-pés” por medo ou falta de tempo.

Quantas vezes dispôs do seu tempo para ajudar um sem-abrigo? Quanto tempo gastou a ajudar o próximo? Quantas vezes perdeu o seu precioso tempo a ouvir os desabados de alguém que precisava?

Esta senhora que se sentou a falar comigo hoje disse algo de muito certo: “Se as pessoas se preocupassem só um bocadinho mais com os outros e não fossem tão egoístas este mundo era um sítio muito melhor”.

 

Como tal, meus amigos, aqui vai o conselho de uma tola: olhem à vossa volta, vejam o que se passa no mundo (o outro que não o vosso) e quem sabe até aprendem alguma coisa.

20.08.13

Parasitas profissionais...

Não sou moralmente superior a ninguém, nem almejo tal coisa. Todavia, como a grande maioria das pessoas, tenho determinados princípios e valores que pautam a minha existência…

Um princípio que sempre me foi fundamental é o profissionalismo. Sempre achei que a minha carreira tinha que ser construída tendo como alicerces o trabalho árduo e o brio profissional e nunca fui capaz de utilizar a minha condição de mulher para “subir” na vida ou na carreira. É algo que não consigo conceber, nem pensar sobre isso sob pena de regurgitar o almoço que tão bem me soube.

Não consigo sentir mais do que desprezo por mulheres que utilizam os seus atributos ou charme femininos para, sem qualquer mérito, alcançarem determinadas posições ou objetivos profissionais.

Tenho mais respeito pelas prostitutas do que por estas mulheres porque as prostitutas são-no, admitem que o são e são profissionais no que fazem. Por outro lado, estes parasitas da sociedade, oportunistas infeciosas precisam sempre de um portador que as permita crescer e sobejar, muitas vezes quais bactérias patogénicas, causam mesmo a morte do hospedeiro de que se alimentam.

Não pensem, no entanto, que tenho pena destes chamados “hospedeiros” que ajudam mulheres sem valor a se elevarem e autopromoverem sem merecimento. Eles são tão maus ou piores do que elas porque permitem que pessoas de elevado valor profissional sejam postas de lado ou “calcadas” só porque não têm uma carinha “laroca”, um corpo perfeito ou porque apesar de terem estes atributos não fazem uso deles de forma menos decente no local de trabalho. Estes “hospedeiros parasitários” vão até mesmo contra pessoas do mesmo sexo em prol das ditas senhoras. Sim, porque chegamos ao ponto de um homem ser ultrapassado só porque é homem. Dirão os cínicos, ou as cínicas neste caso, que se trata de alguma justiça divina pelos anos em que as mulheres foram secundarizadas por serem mulheres. Insurjo-me contra este tipo de pensamento, porque se tantas mulheres lutaram pela igualdade de direitos e se esta luta continua, não é para agora ser conspurcada no meio desta porcaria de sociedade de aparências e luxúria barata que zomba e atira para as ruas da amargura tanto esforço estoico e até heroico.

Não meus caros, não consigo conceber tanta ordinarice junta e tanta gentinha a ganhar dinheiro fazendo metade ou nada do que verdadeiros profissionais fazem. Não pensem que sou uma púdica ou uma frustrada porque não o sou, mas guardo as minhas "depravações", sensualidades, amizades e o meu "conhaque" em geral para o horário pós-laboral.

 

Por isso, aqui vai o conselho de uma tola…tenham juízo. Pensavam que ia ser uma dissertação sobre os valores e blá-blá-blá… não, não consigo, o conselho é só mesmo tenham juízo.

13.08.13

Há dias assim...

Há dias assim… dias em que o tempo não passa, a vida arrasta, o ser esmorece, o vento corre sem nos tocar, as ideias encolhem, as emoções estagnam e o sol brilha sem nos aquecer. Estes são os dias cinzentos em que nos sentimos tristes, os dias em que os problemas parecem duplicar e as soluções escassear, a comida perde sabor e as flores não têm cheiro.

Nestes dias escrevo, escrevo o que me vai na alma, descrevo a tristeza que me assola, a raiva que me transforma, a frustração que me impede, o medo que me paralisa, escrevo o que estiver a sentir num ritual catártico que em mim funciona. Uma depuração da alma que me alivia e apazigua como se as emoções fluíssem de mim para o papel, tendo como portal ou veículo condutor apenas a caneta.

Este é o meu pequeno depósito de pensamentos e aqui jazem as emoções que expulsei, aqui como em qualquer guardanapo de papel, folha de rascunho, bloco, post-it e demais depósitos semelhantes que estejam “à mão” e onde escrevinho o que me vai na alma. Não sou pessoa de exprimir verbalmente o que me vai na alma, é para mim difícil dizer em voz alta o que me incomoda o espírito, é terrível para mim expressar o que me melindra, assusta, magoa ou pisa. Curiosamente, por palavras escritas sempre fui capaz de me exprimir claramente. A palavra escrita é a minha ferramenta predileta, a minha forma de comunicação de eleição e o meu material depurativo favorito.

Hoje é um dia cinzento… por nenhum motivo em especial, simplesmente porque sim, sem mais explicações, sem mais expressões ou vontades. Hoje é um daqueles dias em que amanhece cedo demais, anoitece demasiado depressa, em que as condições não são as ideais, os sorrisos amarelos, as palavras ditas sem sentimento e tudo incomoda e aborrece.

Mas dou por mim a escrever este texto e a sentir-me melhor, a pensar que não tenho motivos para estar a ter um dia cinzento, que está um lindo dia de sol, o ar enche os meus pulmões, o meu coração bate, pulsa nas minhas veias o líquido da vida e a energia mexe os meus músculos. Nenhum de nós sabe o que está destinado para nós, nenhum de nós sabe o que está ao virar da esquina e que surpresas a vida nos trará. Não é essa a maravilha da vida… não saber o amanhã? Cada segundo ser uma nova oportunidade e cada dia uma lição?

Temos obrigação de sermos felizes ou, pelo menos, tentarmos ser felizes da melhor maneira que conseguirmos. Por isso, vou abrir as cortinas ao meu dia cinzento para deixar o sol entrar e deixo aqui o conselho de uma tola… façam o mesmo.

12.08.13

Partidas e chegadas...

Na vida existem partidas e chegadas, a todos os instantes, por todos os caminhos e de todas as formas, pessoas partem e outras chegam.

Um sítio que para mim foi e será sempre muito emocional é o aeroporto. Não consigo deixar de me emocionar de cada vez que lá vou.

Nas chegadas, são os sorrisos, a alegria estampada de quem chega e o alívio palpável de quem espera. Os abraços, os beijos, as palmadinhas nas costas e as corridinhas para o pai, a mãe, o namorado, a mulher, o marido, etc.

Nas partidas, são as lágrimas, as saudades já apertadas no peito, a esperança de quem parte, a apreensão de quem fica, o sorriso dos que vão de férias, o desalento dos que partem contra a vontade.

Não consigo deixar de verter uma lágrima no aeroporto, não consigo deixar de me recordar que a minha vida é um infindável mar de partidas e chegadas. De sentir na pele o sofrimento e a alegria daquela gente como se fosse comigo, porque é comigo muitas vezes.

Felizes os que nunca viram partir quem amam, felizes os que nunca tiveram que se separar de quem é realmente importante. E, no entanto, néscio como só o ser humano sabe ser, só damos importância às pessoas quando elas partem. Só nessa altura nos apercebemos como o sorriso daquela pessoa é especial, como ela nos faz rir mesmo quando estamos em baixo, como nos põe na ordem quando é necessário, como nos faz ficar bem-disposto só com uma palmada nas costas e uma palavra carinhosa, etc, etc. Só nessa altura nos lembramos de dizer às pessoas que gostamos delas e que elas são importantes para nós, porque no dia-a-dia achamos que está implícito.

Pensamos que quanto mais recorrentes se tornam as partidas, mais nos vamos habituando e menos custam… é mentira. As partidas nunca deixam de causar dor, tal como, a alegria da chegada nunca diminui. A partida será sempre acompanhada da lágrima no canto do olho e a chegada será sempre cumprimentada com um sorriso sincero. A saudade não diminui… habituamo-nos a viver com ela, passa a ser nossa companheira e cúmplice, passa a ser parte integrante da nossa alma, conforme aprendemos a conviver com a dor, a rir da “desgraça”, a gozar com a desventura.

Como tal meus amigos, conselho de uma tola… Valorizem quem amam, quem têm, os pais, os amigos, os amores, a família. Valorizem todos os dias, cada instante e sorriso… porque meus caros, a vida é feita de chegadas, mas maioritariamente, é feita de partidas.

09.08.13

Ai ai ... a juventude!!

O que vou escrever aqui hoje pode ser altamente polémico e alvo de alguns sobrolhos levantados ou franzidos dependendo da preferência, mas é algo precisa de ser depurado da minha alma. Este tema tão falado e tão polémico é, nada mais nem nada menos que, a Juventude dos nossos dias.

Eu não sou velha, nem para lá caminho, mas vejo nos adolescentes e jovens adultos de hoje uma inércia, estagnação e falta de educação tremendas. Já o havia “no meu tempo” (linda expressão) e sempre houve, todavia deparo-me hoje em dia com batalhões de jovens “feios, porcos e maus”. As raparigas parecem não ter vontade própria, vivem em função de seguir as últimas modas, nem que para isso tenham que se assemelhar a um palhaço ou sem abrigo e os rapazes não fazem mais do que andar a arrastar o cú das calças pelos joelhos e demonstrar comportamentos pseudo-delinquentes (quando não o são mesmo). Em comum estas ricas criaturas têm a linguagem que é, muitas vezes, suficientemente má para fazer corar as pedras da calçada.

Antes que me batam, faço a ressalva de que não são todos assim. Existem as exceções que, na sua maioria, são marginalizadas por não se coadunarem com estes comportamentos de matilha selvagem. Infelizmente, os membros da matilha parecem aumentar e as exceções diminuir de dia para dia.

A minha teoria para esta situação será, talvez, a falta de tempo que os pais têm para estes seres, ocupados que estão em garantir a sobrevivência da espécie trazendo o “pão” para casa (passo o vulgo). Fazendo com que os ditos não se apercebam da infeliz realidade que se pavoneia de um lado para o outro lá em casa ou que lá aparece de vez em quando para comer e dormir. Mas, não menos grave do que isso é o nosso sistema educativo que se assemelha em tudo a uma escola de criminosos. A solução iluminada dos pedagogos brilhantes que ocupam este planeta é a de “não tocar nos meninos, nem ralhar muito para não os traumatizar”. Deixam os professores de mãos atadas, estes últimos, coitados, nem se podem defender sequer e crescem os acima referidos batalhões, que qual doença infecto-contagiosa, vão aumentando como que por osmose.

Não estou a defender voltar ao tempo da ditadura, nem os professores andarem à “lapada” aos alunos…. Mas um bom “cachaço” nunca matou ninguém ou, em casos mais sérios, fazê-los lavar os quartos de banho com uma escova de dentes. Estes seriam alguns dos métodos dissuasores de comportamentos menos próprios dentro e fora da sala de aula.

Não senhor… os pedagogos não concordam… uhhhh… então é porque é grave. E o governo, também sempre brilhante nas suas medidas, crê piamente que não há problema nenhum em fazer turmas maiores para os aglomerar em maior número e poupar uns “trocos” com milhares de professores no desemprego.

O que estes “especialistas” não se lembram é que estes pseudo-delinquentes são o nosso futuro… que, meus amigos, se adivinha negro q.b.

Portanto, conselho de uma tola… invistam na educação pais, governo, professores, pedagogos e mundo em geral porque se não o fizerem não auguro nada de bom.

Mas enfim, que sei eu?!!? sou só uma tola….

08.08.13

Apresentação de uma fumadora

Sou uma daquelas pessoas cujo cérebro fervilha de ideias descabidas e infrutuosas, tenho opiniões contraditórias e estrambólicas e a minha mente está repleta de informação inútil.

Sempre me disseram que a escrita era um organizador de pensamento... Como tal decidi tentar organizar o meu pensamento e ao mesmo tempo evitar maçar as pessoas que conheço com toda esta panóplia de rede cerebral.

Eis que me surgiu mais uma brilhante ideia e decidi criar um blog para despejar o conteúdo inusitado da minha cabeça, os meus conselhos inconvenientes, declarações imerecidas e quiçá as vicissitudes e virtudes da minha vida.

Como a expressão "é o conselho de uma tola" deveras me apraz e caracteriza, foi esse o nome selecionado para esta ferramenta organizadora e anónima que espero em breve preencher e partilhar com esse vasto mundo blogosférico.

 

Então aqui vai o primeiro conselho:

 

Eu sou fumadora (sim eu sei, eu sei que faz mal) e como fumadora que sou, nas minhas pausas no trabalho aproveito para dar um saltinho lá fora e matar o vício. Uma das coisas que sempre me incomodou quando estou a fumar sozinha na rua é que muitas das pessoas que passam por nós nos olham com uma expressão reprovadora, a boca comprimida numa linha fina e olhos semicerrados. Quase que consigo ler a mente dessas pessoas a pensar "tsc tsc tsc tão feio, uma menina a fumar".

Senhores e senhoras do mundo e arredores... Nós, pobres fumadores, por incrível que pareça, sabemos que nos faz mal fumar. Se o fazemos é por prazer e (ou) vício, necessidade, stress, vontade, o que lhe quiserem apelidar. Os pulmões são nossos, o corpo é nosso, o dinheiro é nosso e o mal é só nosso. Claro que temos que ter respeito pelos não fumadores que não têm que levar com o nosso fumo, temos que ter respeito pelas criancinhas para não as poluirmos e todo o restante respeito que devemos ao universo em geral e às pessoas em particular, mas por favor, respeitem também a nossa vontade porque pagamos impostos altíssimos para dar cabo da nossa saúde em paz.

Como tal, aqui vai o primeiro conselho de uma tola... Respeitem-se uns aos outros e deixem para lá as críticas veladas e olhos semicerrados que ainda caem no passeio e partem uma costela por não irem de olhos bem abertos.