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Conselhos de uma Tola

Os devaneios, sonhos, rotinas e alucinações de uma mulher comum que de comum não tem nada. Não será esta a melhor descrição para qualquer mulher... mas que sei eu... sou só uma tola...

Conselhos de uma Tola

Os devaneios, sonhos, rotinas e alucinações de uma mulher comum que de comum não tem nada. Não será esta a melhor descrição para qualquer mulher... mas que sei eu... sou só uma tola...

28.11.13

O Caminho...

Procura o teu raio de sol, aquele que te aquece a alma, saboreia esse momento, sente o calor percorrer o teu corpo e acariciar-te o rosto… Corre, vive, olha, vê o ser que és, o ser que te tornaste, com o teu esforço, o teu suor, a tua força…

Procura o que desejas, o que amas, o que anseias, olha o mar e recorda-te… recorda o caminho que fizeste, o que aprendeste e no que te tornaste, mais forte, mais mulher, mais poderosa… e verás que o caminho pela frente ainda é longo e sinuoso, mas estás tão mais preparada, tão mais armada, tão mais tu…

Quando te vires, quando reconheceres a tua grandeza, sentirás e reconhecerás que o prazer não está no objectivo, mas apenas e só no caminho.

21.11.13

Perseverança...

Num passado não tão longínquo as flores tinham um cheiro doce, o sol brilhava em todo o seu esplendor, cada dia era como se uma aventura fosse, cada desafio fazia sorrir e sacudir o torpor, nesse tempo abundava a alegria, nesse tempo abundava o calor…

Não sei bem quando é que me sentei a ver a vida passar, não sei bem o que me fez mudar, não sei quando a vida se tornou recordação, quando fechei este pobre coração. Quis acreditar no amor, sempre quis ter esperança, esta crença só levou à dor, desse amor resta somente a lembrança.

Permaneço inerte e desolada vendo a vida passar, permaneço só e desesperada apenas a recordar, vivo amargurada por algo belo que nunca foi, sinto a alma pesada por algo que não ama só destrói. A culpa cresce dentro de mim, único sentimento de um coração infecundo, espero pacientemente pelo fim, o fim deste buraco que não tem fundo.

E, no entanto, ainda assim sonho que o amor será meu, ainda consigo ter esperança, não importa o quanto me doeu, não morre a perseverança…

18.11.13

O Frio...

Chegou o frio, veio solitário e rapidamente… ainda ontem sentia o calor do sol na pele, ainda ontem as gargalhadas ecoavam sob o sol quente e envolvente do verão, ainda ontem as noites eram de diversão e brincadeira e hoje… hoje somente a aragem gelada do vazio, a esterilidade do gelo e a paisagem desoladora da reclusão.

Ansiei pelo frio, pela doce estagnação da apatia, ansiei não sentir e a indolência da insensibilidade… pensei que seria mais fácil, achei que não mais sofreria, não mais lágrimas quentes marejariam os meus olhos. As lágrimas deixaram-me, essa fonte secou, mas mantém-se a dor pulsante no meu peito, agora sem o breve reduto purificante das lágrimas, sem o alívio momentâneo da expressão física da nossa alma.

A tristeza, a melancolia, a dor permanecem ainda que sob capa enganadora da incúria, disfarçadas pela máscara da desídia, mas eis que rugem sobre mim inesperadamente qual mar arrebatador, qual tempestade colérica que me agita e sacode a frouxidão do corpo. Relembrando-me que elas permanecem em mim, não me abandonam, características congénitas de uma alma que se tornou infecunda e estagnada.

No desespero deste frio que se apoderou de mim, na devastação que o destino causou fujo, corro, vou… procuro freneticamente as respostas, busco incansavelmente a solução e paro desamparada no meio da rua perante a luz do sol. Este assoberba-me com toda a sua imensidão e brilho, como criatura da noite encolho-me medrosamente perante o seu fulgor, mas eis que sinto lenta e meigamente a carícia do calor no meu rosto. Percebo que ele está sempre ali, eu somente não o sinto porque o meu frio vem de dentro, este vazio é tão e somente meu. Comprazo-me então momentaneamente com o calor que vem de fora, estico os braços e de olhos fechados encaro o sol como se eu fosse uma criatura da luz e sinto um alívio momentâneo nesta alma que já não encontra o reduto das lágrimas…

13.11.13

O amor..

Amor… esse sentimento que nos pode salvar ou atirar para os braços da dor, que nos faz flutuar e sentirmos toda a felicidade do mundo em nós contida ou que nos inunda os olhos de lágrimas e seca o coração de qualquer alegria.

Amor… o Santo Gral que todos procuramos, o sentimento que faz rodar o mundo e a alma, o sentimento mais lindo e doloroso do mundo, a maior dicotomia do Homem. Ninguém vive realmente até experienciar esse doce carrasco que é o amor, ninguém sabe o que é felicidade até sentir o coração parar e bater mais depressa ao mesmo tempo só porque viu aquela pessoa, ninguém conhece a verdadeira doçura de um beijo até beijar os lábios da pessoa que ama.

Por este sentimento mata-se e morre-se, por este sentimento fazemos loucuras, atravessamos oceanos de adversidades, subimos montanhas de dificuldades íngremes e voamos por cima dos penhascos mais dolorosos… devido ao amor tornamo-nos heróis imortais ou indigentes perdidos. Ele pode ser encontrado ao virar de uma esquina, no meio da guerra, no café do bairro ou no sítio mais improvável de sempre… ele pode estar em todo lado ou em sítio nenhum.

Todos ansiamos as borboletas no estômago, o calor que percorre todo o corpo, o brilho no olhar e a adrenalina que nos enche de entusiasmo, mas também já todos sentimos o frio que nos invade, o vazio que se instala e o sentimento de que a escuridão não tem fim quando o nosso coração é partido ou quando o amor não é correspondido.

Ele chega de mansinho, sem nos apercebermos, começa com uma palavra, um olhar, um toque, uma empatia e depressa nos apercebemos que é tarde demais, que já não respiramos da mesma forma se não tivermos aquela pessoa na nossa vida. De repente e irremediavelmente mudamos, criamos em nós espaço para o outro e sem ele ficamos incompletos e vazios, a vida não faz sentido e tudo o que conhecíamos como sendo nós e o nosso mundo fica desordenado e, no entanto, nunca fomos mais felizes, nunca nos sentimos tão vivos, nem nunca a vida teve tanto sabor… afinal… é assim o amor.

07.11.13

A espera...

Sentada a ver o mundo, sentes a tua vida passar… vês um olhar que acaricia a alma, uma tensão que se sente entre dois corpos que se atraem, um sussurro que aquece como um beijo, uma meia frase que diz tudo… sentes esse anseio que clama e exige, essa vontade que não passa nem cessa, essa dor que cresce e atormenta.

Quimeras esquecidas na noite, olhar perdido no horizonte, pensas no teu caminho, no teu cruel destino, na dor de ter tanto sentimento todo preso num momento de silêncio. Aguardas calma e silenciosamente que tudo passe, que não sejam mais do que devaneios oníricos da juventude, mas as horas passam a dias, os dias a meses e os meses a anos sem que a espera mude e a espera permanece já incalculável e eterna.

Aguardas… já não tão jovem, já não tão bela, já não sem desespero que a vida chegue, que o sonho se torne realidade, que esse mundo que vês passar seja o teu. Percebes tristemente que passaste grande parte da tua vida a esperar pelo futuro, percebes que o passado não tem retorno e o presente foi insípido e desperdiçado.

Compreendes agora que o sol nascerá todos os dias mesmo que na tua alma seja noite, que a seguir a uma tempestade podes escolher sentir a destruição da mesma ou o renascimento da natureza, que a mais frágil flor luta para viver e que no meio da desgraça e da tristeza pode haver amor e amizade. Compreendes que ninguém pode viver por ti, obrigar-te a viver, fazer-te viver e finalmente… compreendes que não podes culpar ninguém pela tua inércia e sofrimento, porque afinal tu fizeste isto a ti mesma…

04.11.13

A Sensação...

Há sensações que não passam… atravessamos mares de emoções e subimos montanhas de medos, enfrentamos ventos de mágoas e tempestades de amargura, mas a sensação permanece. Sentimentos que se apoderam da nossa alma e frustram qualquer tentativa de resolução, qualquer capacidade de esgravatar a saída da escuridão e a saída da melancolia.

A vida continua, o dia-a-dia soma e segue porque o tempo é imparável e não há estados de alma imutáveis, mas quando nos recordamos, quando pensamos novamente, vem aquele arrepio, aquele cerrar os olhos como se o fazendo a realidade se alterasse. Todavia, abrimos os olhos e a sensação ainda lá está, seja a sensação de tristeza, vergonha, arrependimento ou um pouco de tudo não desaparece nem atenua.

Procuramos esconder estas sensações num cantinho escondido do coração, atrás de alguma recordação longínqua ou palavra batida, procuramos não pensar, não sentir, não recordar e há dias que somos bem-sucedidos… há dias que a azáfama quotidiana nos permite esquecer momentaneamente a sensação. Mas eis que um dia inesperadamente ou perante um indício ou palavra ela se abate sobre nós em toda a sua força, ruge sobre nós em toda a sua plenitude e a precária paz estabelecida pela confusão volta a desaparecer.

Não há forma de fugir da sensação, não há recantos escondidos o suficiente para a esconder, nem poder suficientemente grande para a esquecer… este é o meu íntimo, o meu segredo e a minha sensação… qual é a tua?