Observadora da Humanidade...
Sou uma observadora da humanidade, nunca me senti como parte integrante. Não num sentido superior, não como sendo melhor…. Mais como estranha, deslocada, como vendo de fora algo diferente, interessante.
Vejo as pessoas a passarem pela vida como algo que não lhes pertence, como se não lhe dessem a devida importância. De vez em quando sinto tudo, todas as emoções, todos os momentos como sendo demasiado, como se explodisse em mim o sentimento. Outras vezes estou adormecida e letárgica como se anestesiada.
Observo as pessoas a almoçarem, a passearem os cães, a falarem de futebol… no seu dia-a-dia enquanto as observo descortino os seus pensamentos mais íntimos, as suas preocupações e os seus medos. Vejo estampados nos seus rostos e nos seus olhos o que a sua boca não diz e o que procuram esconder.
E questiono-me e interrogo-me se serei a única que vê tudo isto enquanto vê a vida a passar?
Assemelho-me ao tempo, ora soalheiro e cheio de calor, luz e brilho, ora enublado, húmido e frio e esta incoerência, esta instabilidade faz parte de mim e não há meio-termo. Não sei viver de outro modo e apesar da máscara calma e passiva que uso na sociedade, vive em mim esta dicotomia e contradição.
E questiono-me e interrogo-me e penso… Penso muito nesta humanidade que sinto como não minha, como estranha, como alienígena.
Sento-me e vejo a vida a acontecer, vejo a vida a passar, vejo a vida viver…