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Conselhos de uma Tola

Os devaneios, sonhos, rotinas e alucinações de uma mulher comum que de comum não tem nada. Não será esta a melhor descrição para qualquer mulher... mas que sei eu... sou só uma tola...

Conselhos de uma Tola

Os devaneios, sonhos, rotinas e alucinações de uma mulher comum que de comum não tem nada. Não será esta a melhor descrição para qualquer mulher... mas que sei eu... sou só uma tola...

20.03.20

Arca de Noé...

Estamos a ser despojados. Um simples abraço tornou-se um risco ou uma impossibilidade. Damos por nós a olhar à nossa volta receosos, temos que nos isolar, certos de que bens de primeira necessidade escasseiam devido à ignorância e ao pânico. Todavia, o que dói, o que magoa realmente, é que no mundo há famílias separadas, amigos que só comunicam através da tecnologia, amores que não se podem amar, vidas que não se podem viver, velhos que se veem isolados ou abandonados, centenas que morrem, milhares que adoecem.

O mundo não será mais o mesmo, a humanidade foi irremediavelmente afectada, desfigurada, transformada. Seja por quarentena, por auto-isolamento, por medo... o Homem dá por si sozinho. Cada casa uma arca de Noé, onde cada um espera que o dilúvio seja breve, que as mortes cessem rápido, que chegue a pomba com o ramo de oliveira.

Lutam por nós os médicos, enfermeiros, auxiliares de saúde, heróis à força nesta época tão incomparável. Lutam contra um inimigo invisível, contra os comportamentos de uma sociedade ainda egoísta e inconsequente. Batalha esta, muitas vezes inglória, onde se perdem muitas vidas e outras tantas ficam mutiladas, como de resto acontece em quaquer guerra.

Resta a esperança... esse tão nobre e salutar sentimento, que une nações, atravessa montanhas e cuja voz se faz ouvir nas músicas das varandas e nas palmas das janelas. Resta a humanidade... que embora desfigurada possui uma coragem e uma força que nos alimenta, é o melhor que há em nós. No caos, no desespero, é a mão que se estende, o carinho que seca as lágrimas e o calor que nos aquece o coração.

Que no fim, quando o dilúvio passar, quando emergirmos das nossas arcas e pudermos celebrar em conjunto, como irmãos, amigos, pares; quando os heróis limparem as armas e descansarem... que a sociedade esteja melhor. Que tudo se aprenda com este flagelo, com o sacrifício de tantos. Possa o Homem aprender a dar valor ao que é mais precioso, mais importante, possa a vida passar a ter um sentido mais amplo, mais rico, mais humano. Não se perca tudo com o que nada se ganha. Levante-se esta nação valente e imortal chamada HUMANIDADE e possa ela contra os canhões da doença marchar, marchar...